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Agressores de Love são soltos, e promotor culpa ausência de leis no futebol

O atacante Vagner Love foi agredido por torcedores dias antes da partida decisiva contra o Botafogo - Rivaldo Gomes/Folha Imagem
O atacante Vagner Love foi agredido por torcedores dias antes da partida decisiva contra o Botafogo Imagem: Rivaldo Gomes/Folha Imagem

Carlos Padeiro

Em São Paulo

11/12/2009 21h38

Os agressores do atacante Vagner Love foram libertados nesta sexta-feira, na cidade de São Paulo. O juiz que analisa o caso não considerou que houve crime de racismo, quando Nélio Ferreira e Silva, o Lagartixa, Maxsuel Santana Pereira e Deivison Correia Carvalho partiram para cima do jogador do Palmeiras no estacionamento de uma agência bancária.

O trio que pertence à principal organizada do clube alviverde, a Mancha Alviverde, foi indiciado por agressão. Eles pagaram fiança e responderão o processo em liberdade.

Na opinião do promotor Paulo Castilho, esse é mais um caso sem punição devido à ausência de leis específicas para combater a violência e outros crimes no âmbito esportivo.

“O futebol passa pela necessidade de mudanças radicais, e é preciso que aconteça a aprovação no Senado de um projeto de lei que já passou pela Câmara dos Deputados”, comentou Castilho, em contato com o UOL Esporte.

“Se essa lei estivesse em vigor, permitiria à Justiça banir esses agressores por três anos do futebol, além de eventualmente responsabilizar a entidade da qual eles fazem parte, no caso a Mancha. O juiz criminal pode entender apenas como uma briga normal, por isso precisamos de um Juizado do Torcedor”, completou.

O departamento jurídico do Palmeiras não poderá tomar nenhuma ação contra os agressores de Love.

“Quem é legitimado para tocar o processo criminal é o Ministério Público. A ação penal cabe ao Estado. Se fosse uma ação cível, o Palmeiras teria como fazer algo. Vamos colaborar com a polícia para fornecer o máximo de provas e ajudar no que tem de ser feito: condenar essas pessoas”, observou o advogado do time paulista, André Sica.

Castilho ainda criticou a relação das equipes brasileiras com as torcidas organizadas. “É imprescindível que os clubes se afastem das organizadas. Esse Lagartixa vive do que? Dos ingressos que recebe do Palmeiras como meia-entrada e vende por preço de inteira. O próprio Palmeiras criou o Lagartixa." Há dois meses, o presidente do time de Palestra Itália esteve na festa de aniversário da organizada.